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Entendendo o objeto

O objeto é qualquer outra coisa além de você. O seu próprio corpo, filhos, familiares, os seus sentimentos, pensamentos, crenças e opiniões, tudo o que eu posso me relacionar. Qualquer coisa que eu experencio, incluindo o passado, o presente e o futuro. Todas as experiências são objetos conhecidos por mim.


Essa é a essência da auto investigação, é a base de todas as práticas para a libertação.


O que é conhecido por mim não pode ser eu, objetos físicos, pensamentos, emoções, experiências, são objetos conhecidos por mim. O conhecimento do objeto é feito pela mente.


Essa investigação nos mostra, que os objetos que são percebidos através de percepções, não são nada mais do que sensações criadas pelos órgãos do sentido. As sensações que experenciamos não constituem a totalidade do objeto. A dureza que sentimos quando sentamos em uma cadeira de madeira, não me diz tudo sobre o a cadeira. Essa sensações são sentidas pela mente.


A cadeira não é nada além da experiência de um órgão sensorial que a percebe, além disso, a existência dependente de qualquer tipo de sensação e não pode ser verificada por um outro órgão que não seja o próprio que a experencia.


Órgãos sensoriais são essencialmente nada mais do que eu, a consciência que os vê. Eu não os experencio como instrumentos parados esperando serem usados por mim, eu não penso: eu quero cheirar uma rosa, onde deixei o meu nariz?. A análise te revela que cada órgão tem uma única função de consciência e um tipo bem particular de percepção acontece. A consciência é necessária e os órgãos sensoriais não podem sentir. A consciência não depende dos seus órgãos sensoriais, você consciência existe, esteja ou não sentindo os objetos, como em sono profundo por exemplo.


Se os objetos que os sentidos parecem reportar não tem uma existência independente, a qual é a base do nosso conhecimento sobre eles, esses objetos não tem existência a parte de mim, a consciência que testemunha os objetos. Os objetos existem somente como sensações e as sensações existem somente em mim, a alegria que é aparentemente causada pelo contato com o objeto está vindo somente de mim. Se a gente pensar um pouco além, vai ficar claro que não podemos separar a felicidade que sentimos por nós. Portanto os objetos são experenciados e conhecidos em nós, mas se levarmos a nossa investigação um pouco mais a fundo, vamos saber que o conhecimento que nos liberta da dependência dos objetos, é que a realidade é não dual e que nós não podemos depender de objetos, por que eles são o que nós somos. Então os objetos que a gente experencia não são separados da consciência plena que faz a experiência deles possível.


A gente divide a nossa experiência em três buscas básicas, segurança, prazer/recompensa e virtude.


Os objetos podem nos entregar as duas primeiras, mas a maneira que interagimos com os objetos pode nos entregar a terceira, a virtude. Mas verdadeiramente só existe uma busca, a busca da liberdade.


Quem deu valores aos objetos e gerou sensações em relação aos objetos foi eu. Os objetos só são os objetos, os valores foram dados por mim. A importância que eu dou para cada coisa que existe sou eu que dou, é a minha mente. Essa é a única forma da mente controlar as nossas ações, gerando enredos, e os enredos só podem ser gerados quando eu dou valores aos objetos. Os objetos não possuem realidade intrínseca.


Tudo é uma criação da mente, qualquer valor que eu posso ter dado para os objetos. são valores que a minha mente criou, nada disso tem uma realidade intrínseca, por que os objetos são projeções.


Então tudo o que eu vejo no mundo, qualquer pessoa que eu me relacione, tudo é criação da minha mente. Todos os valores foram criados pela minha mente, o certo ou errado, o bom ou ruim.


Eu não posso ter a experiência do objeto, isso é impossível, então eu não posso conhecer os objetos, isso também é impossível, então eu não posso conhecer ninguém e não posso saber nada sobre o outro. Tudo o que eu entendo do outro sou eu mesmo. Por isso que é importante aprender a seguir a verdade do coração, por que o coração nunca mente. Embora os objetos não sejam reais, eles são a única forma ou único caminho para a iluminação.


Os objetos são a materialização de todas as distorções que eu crio das minhas interpretações, ou seja, quando eu dou valores que são meus.


O mundo foi criado somente para que pudéssemos ter essa experiência dual, essa falsa sensação de separatividade, para que pudéssemos ver nos objetos tudo aquilo que está dentro de mim. É a única forma de perceber os meus julgamentos, minhas interpretações, minha forma limitada de entendimento do mundo é minha, e se eu tenho muita raiva, muita indignação e punição, tudo isso é meu.


Nada está fora, tudo sou eu, eu que criei, ou seja, o valor, importância e a dependência é minha. Quando entendemos isso, não faz sentido ficarmos apegados a nenhum tipo de objeto e se eu gerei uma situação de apego ou dependência a algum objeto, eu preciso "colocar" o mesmo na minha frente, olhar para ele e falar: que valores eu dei para esse objeto? E quando eu faço isso e consigo olhar para os valores que eu dei, eu consigo dissolver os enredos da mente e esse é o caminho do auto conhecimento. Entender que o objeto não sou eu, mas tudo o que eu vejo fora (por que a consciência está além dos objetos) sou eu no quesito interpretação, valor e sensação criada. A sensação foi criada pela minha mente, então nesse sentido sou eu. Quando percebemos isso, retiramos a importância das coisas que geram dependência e apego na nossa vida.


É importante ter uma compreensão profunda sobre isso, pois esse entendimento é a base do auto conhecimento. Se tudo o que eu vejo no mundo sou eu, eu consigo me auto conhecer a partir do mundo.


Texto baseado nos ensinamentos de Noemi Badiali.





 
 
 

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